segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Sacudindo palavras.


O metrô se aproxima.

Elas já podem sentir
aos poucos
o vento
que vai
balançando
seus cabelos
o barulho
que vai
incomodando seus ouvidos

então, elas se olham e gritam:

-Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh!!!!

As pessoas ao redor as olham atônitas... só podem ser malucas, afinal, nem crinaças são.

Mas as garotas continuaram a berrar, até todos ao seu redor começarem a se calar. Sem motivo, sem obrigações, sem nada, apenas gritaram e calaram.


Doutro lado do mundo outras questões:


- Vamos pular?

-Vamos.

-E se doer?

- Daí já terá doido, não importa mais.

- Também acho.

-Então vamos?

-Vamos.

E numa cidadezinha da Alemanha, um judeu, que passou 11 meses mais ou menos dentro de um porão, saí para dar uma espiada pela janela, numa noite de bombardeio, seus olhos ardem, há um motivo:

- Haviam estrelas, e elas queimaram meus olhos.

Em algum lugar do atlântico, 3 jovens cantam em alto e bom som um legítimo rock and roll e se embriagam de vinho, licor e poesia.

Na rua Himmel (que significa céu, em alemão), existe uma menina que rouba livros e tem um amigo de cabelos cor de limão chamado Rudy, ela tem vontade de ter um dicionário, ela perdeu o irmão num acidente de trem, ela tem um pai adotivo que toca acordeão e pinta janelas em troca de alguns cigarros, ela lê os livros que rouba para distrair uma senhora que perdeu o filho na guerra, ela tem um amigo judeu que mora num porão, ela já disse indelicadezas para a mulher do prefeito mas frequenta a sua biblioteca para roubar livros e comer alguns biscoitos.

Ela nunca quis beijar Rudy

ela já quis beijar Rudy

mas não o fez

se arrempederia amargamente depois.

Ela já teve um livro feito pra ela

era um livro nazista, descolorido e colorido novamente, especialmente para ela.

a sacudidora de palavras.


todas

essas

vidas que acontecem simultâneamente enquanto respiramos, olhamos estrelas, pulamos e nos embriagamos.


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