Ela teve um labririnto na infância
aprendeu que quanto mais se perdia
mais se encontrava.
Dentro do labirinto,
compreendeu que não existe um só caminho
que não existe uma só possibilidade
as vezes pela direita haviam monstros
e pela esquerda aqueles sonhos esquisitos de criado-mudo.
Ela nunca teve medo de mostros no armário
apenas de sonhos de criado-mudo.
sonhos de olhos abertos.
Ele nunca abria os olhos enquanto ela gritava.
Ele nunca se movia enquanto ela batia,
ela teria que aprender a gritar
dizia ele
sem ninguém para apartar.
Ela tem que aprender a correr,
dizia ele,
sem ninguém para se agarrar.
Ela tem que andar numa corda-bamba, elegante como uma bailarina.
As vezes preferiria não ter sujado tanto as mãos de terra
mas hoje sente falta de balançar na mangueira
dos livros esquisitos
e de ver o mundo mais mais alto que as outras crianças.
Um dia ele matou uma cobra, pra vingar seu coelho,
ela gostou
depois chorou
nem cobra
nem coelho.
tanto faz.
Obrigada,
por sempre me confundir
e por me fazer fugir
das comidas que eu nunca comi
das orações que eu nunca entendi
das idéias que eu nunca aprendi
das músicas que eu nunca quis ouvir
e do mar, que um dia quis me engolir.
For my father.
with love.
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