segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Meu.


Ela teve um labririnto na infância

aprendeu que quanto mais se perdia

mais se encontrava.

Dentro do labirinto,

compreendeu que não existe um só caminho

que não existe uma só possibilidade

as vezes pela direita haviam monstros

e pela esquerda aqueles sonhos esquisitos de criado-mudo.

Ela nunca teve medo de mostros no armário

apenas de sonhos de criado-mudo.

sonhos de olhos abertos.

Ele nunca abria os olhos enquanto ela gritava.

Ele nunca se movia enquanto ela batia,

ela teria que aprender a gritar

dizia ele

sem ninguém para apartar.

Ela tem que aprender a correr,

dizia ele,

sem ninguém para se agarrar.

Ela tem que andar numa corda-bamba, elegante como uma bailarina.

As vezes preferiria não ter sujado tanto as mãos de terra

mas hoje sente falta de balançar na mangueira

dos livros esquisitos

e de ver o mundo mais mais alto que as outras crianças.

Um dia ele matou uma cobra, pra vingar seu coelho,

ela gostou

depois chorou

nem cobra

nem coelho.

tanto faz.

Obrigada,

por sempre me confundir

e por me fazer fugir

das comidas que eu nunca comi

das orações que eu nunca entendi

das idéias que eu nunca aprendi

das músicas que eu nunca quis ouvir

e do mar, que um dia quis me engolir.


For my father.

with love.

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