quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

chuv.AR.

E tudo aconteceu naquele instante.
Molhada de chuva numa rua escura
enxarcada de água nos olhos.
Percebia-se uma certa frieza em seu olhar
como se tivessem partido
aquele tal gelo brilhante que anda no canto dos olhos.
Não eram tempos de flores
eram dias de chuvas devastadoras
tempos de maços de cigarros vagabundos
rastros de lama nas solas dos sapatos imundos
sapatos altos e caros
quebrados e enlamaçados.
Correu.
Correu sem quê nem pra quê.
apenas correu
vento gelado de tempestade no rosto
raios e trovões
como num momento trágico, de um filme triste.
Corria.
Corria cada vez com mais dificuldade.
Água no tecido da roupa pesa.
Águas que se desprendem dos olhos também.
E no caminho
enxarcada de chuva e vencida pelo cansaço
a menina parou.
Existia um limite inalcansável, dentro do se próprio limite
Então, a menina agarrou
com toda força que tinha
todo o ar que podia respirar.
E sempre que chove
ela corre na chuva
sempre que chove
ela respira
e nesse instante
não há limites.