E eles andavam seguindo o fluxo
do trânsito, da pista, da linha da vida,
muitas vezes dando umas escapadas pela contramão.
Ela seguia andando reto
as vezes dando umas olhadinhas para o lado
para ver a expressão dele,
que seguia com os olhos vidrados nela,
e nele
e em frente
e nos lados.
Ele lhe dizia para ter calma
Ela carregava a urgência nos olhos.
Ele sabia exatamente aonde iriam chegar
havia planejado todo o percursso.
Ela se sentia perdida
de repente todas as setas ficaram embaralhadas.
Mas ele lhe dava a mão
e ela seguia.
Ela acreditava.
Ele acreditava.
Pelo menos vislumbravam um mesmo fim.
Os passos dele eram lentos, tortos.
Os dela corriqueiros, retos.
Ele tinha nas mãos uma grande sabedoria.
Ela tinha nas mãos alguns livros e letras.
Ele fotografou tudo que viu no caminho,
a dor, o desespero, a decepção.
Ela guardou todas as fotos
como quem guarda relíquias sagradas.
E guardou também suas próprias fotos
e ficou com as dele na lembrança.
Todos os olhares
Todas as dúvidas
Todos os medos.
Porque ela sabia que ele nunca gostou de sair em fotografia.
E se lembraria disso
no fim do percursso
como quem ri de uma foto antiga.
Um comentário:
minha linda flor!
te levarei em um tapete de nuvens.
vamos voar
e da meia-lua, pescar.
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