terça-feira, 7 de agosto de 2007

Fotografia.




E eles andavam seguindo o fluxo


do trânsito, da pista, da linha da vida,


muitas vezes dando umas escapadas pela contramão.


Ela seguia andando reto


as vezes dando umas olhadinhas para o lado


para ver a expressão dele,


que seguia com os olhos vidrados nela,


e nele


e em frente


e nos lados.


Ele lhe dizia para ter calma


Ela carregava a urgência nos olhos.


Ele sabia exatamente aonde iriam chegar


havia planejado todo o percursso.


Ela se sentia perdida


de repente todas as setas ficaram embaralhadas.


Mas ele lhe dava a mão


e ela seguia.


Ela acreditava.


Ele acreditava.


Pelo menos vislumbravam um mesmo fim.


Os passos dele eram lentos, tortos.


Os dela corriqueiros, retos.


Ele tinha nas mãos uma grande sabedoria.


Ela tinha nas mãos alguns livros e letras.


Ele fotografou tudo que viu no caminho,


a dor, o desespero, a decepção.


Ela guardou todas as fotos


como quem guarda relíquias sagradas.


E guardou também suas próprias fotos


e ficou com as dele na lembrança.


Todos os olhares


Todas as dúvidas


Todos os medos.


Porque ela sabia que ele nunca gostou de sair em fotografia.


E se lembraria disso


no fim do percursso


como quem ri de uma foto antiga.








Um comentário:

Mayk disse...

minha linda flor!
te levarei em um tapete de nuvens.
vamos voar
e da meia-lua, pescar.